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Desonerações e dólar reanimam exportadores

As desonerações da folha de pagamentos e a estabilidade do dólar em torno de R$ 2 já reduziram custos e estimularam exportações. O Valor ouviu dezenas de empresas exportadoras e obteve informações sobre cortes de custos que permitiram as maiores reduções de preços dos últimos três anos.

A fabricante de compressores de ar Metalplan prevê baixar seus preços, na média, em 20% no ano que vem. Com a desoneração da folha, a empresa reduziu em 70% os encargos com salários – em vez de recolher 20% sobre folha, passou a pagar 1,5% sobre o faturamento desde agosto. Na SCA, indústria de móveis do Rio Grande do Sul, a desoneração permitiu reduções de 1% a 2% nos preços em reais e de 7% em dólares. Nos últimos dois anos, com o real valorizado, os preços de exportação haviam subido entre 20% e 30%. Com os custos reduzidos, a empresa voltou a ter as exportações em seus planos e já participou de duas feiras internacionais, o que não fazia há quatro anos.

Ampliada desde agosto, a desoneração da folha de pagamento não contribuiu apenas para dar mais fôlego às empresas. O corte de custos estimulou alguns segmentos a exportar mais e permitiu uma redução de preços inédita nos últimos dois ou três anos. Entre as que dizem ter sentido menos os efeitos da desoneração e das demais medidas do governo, como redução de juros e estabilização do câmbio a R$ 2, as empresas projetam ao menos retomada de produção para o último trimestre e, principalmente, para 2013.

A fabricante de compressores de ar Metalplan Equipamentos, de São Paulo, que nos últimos anos havia feito somente reajustes seguindo a inflação, planeja reduzir os preços em média em 20% no ano que vem. A gaúcha SCA Indústria de Móveis informa que a desoneração permitiu redução de preço de 1% a 2% e, na exportação, juntamente com o câmbio, contribuiu para um corte médio de preço de 7%. Nos últimos dois anos, com o real valorizado, os preços de exportação só haviam subido, entre 20% e 30%. No ano que vem, a fabricante de móveis planeja dobrar a fatia do faturamento resultante das vendas ao exterior.

Na catarinense Butzke, também fabricante de móveis, a desoneração fez a carga da contribuição previdenciária cair a um terço, afirma o diretor comercial Michel Otte. Com menor custo com salários, a empresa pretende contratar 20 trabalhadores até o fim de 2012. Hoje, tem 230 funcionários diretos.

Segundo Otte, o benefício, ao lado de outras medidas, permitiu também redução de 5% a 10% nos preços do mercado interno. Na exportação, com influência do câmbio, houve corte de 15% a 20%. “Eu nem me lembrava mais como se fazia isso”, brinca.

A Fabus, entidade que reúne os fabricantes de ônibus, calcula que a desoneração permitiu descontos entre 5% e 10% em dólar e aqueceu as vendas em setembro. A expectativa da entidade é elevação de 20% nos embarques do segmento em 2012, na comparação com o ano passado.

Com a desoneração, a Metalplan reduziu em 70% o custo com o recolhimento ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) sobre a folha de salários. O redução dessa despesa aconteceu com a mudança de cálculo da contribuição previdenciária para os fabricantes de máquinas. Em vez de recolhido em 20% sobre folha, o tributo passou a ser pago em 1,5% sobre faturamento desde agosto. Além de reduzir o custo, a nova forma de cálculo estimula a exportação, porque as receitas das vendas ao exterior não entram no cálculo da contribuição. Segundo Edgard Dutra, diretor da empresa, essas mudanças propiciaram a redução dos preços planejada para o próximo ano.

Para a Metalplan, além da desoneração, a queda de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES para 2,5% ao ano já fez efeito na produção. A desvalorização do real ajudou a segurar a penetração dos asiáticos no mercado interno e fez com que clientes do exterior comprassem mais da empresa. As projeções de exportações voltaram a crescer depois de anos estagnadas.

“A nossa produção neste ano vai crescer ligeiramente em relação ao ano passado em função do segundo semestre. O mercado está se movimentando um pouco mais. Projetos de empresas que estavam em banho-maria agora estão sendo retomados”, afirmou Dutra.

Na SCA, a desoneração reduziu em 15% a carga tributária da contribuição previdenciária, o que, segundo a empresa, permite diminuir os preços para o mercado interno e externo. Mais que isso, a SCA voltou a ter as exportações em seu radar. A empresa participou nos últimos meses de duas feiras internacionais e já se organiza para outra, algo que não fazia há três ou quatro anos. Sérgio Manfroi, diretor-superintendente da empresa, diz que a expectativa é aumentar de 4% para 8% a fatia das exportações no faturamento.

Também do setor de móveis, a Butzke, pela primeira vez desde 2007, projeta para as exportações do ano que vem o mesmo crescimento de 25% programado para as vendas no mercado interno. Para 2013, os embarques vão representar, portanto, os mesmos 17% do faturamento que significam atualmente. A fatia das exportações vinha caindo ano a ano. Em 2004, os embarques, lembra o diretor Michel Otte, respondiam por 90% do faturamento.

Entre os fabricantes de ônibus, a desoneração também começa a estimular as exportações. Segundo o presidente da Fabus, José Antônio Fernandes Martins, os descontos de 5% a 10% em dólar nas exportações são representativos. “Não é pouca coisa, porque um rodoviário de luxo custa até US$ 250 mil e o desconto pode chegar a US$ 25 mil”, calcula.

De acordo com Martins, o setor já projeta alta de 20% nos embarques do produto neste ano em relação a 2011, para 5,1 mil unidades. Apenas no segundo semestre, em comparação com os seis meses anteriores, a alta estimada chega a 103%, para 3,4 mil ônibus.

Na indústria de plásticos Component a desoneração tornou os produtos mais competitivos nas vendas domésticas. O diretor da empresa, Roberto Korall, não chega a mencionar o tamanho da redução, mas diz que os preços negociados dependem muito da demanda e o corte de custo “viabilizou muitos negócios”.

Com cerca de 30% da produção fornecida para a indústria automotiva, a Component diz que a medida, porém, não levou à contratação de trabalhadores e não resolveu o problema da alta carga tributária do país. A empresa vai terminar o ano com faturamento nominal igual ao do ano passado.

Korall diz, porém, que sem as medidas do governo a situação estaria pior. Para o ano que vem, as perspectivas são boas. Com base nas encomendas, prevê produção maior nos primeiros meses de 2013 e estima fechar o próximo ano com alta real de 10% no faturamento em relação a 2012.

Apesar de a Abicalçados, que reúne as indústrias de calçados do país, considerar prematuro um balanço sobre os efeitos da ampliação da desoneração, dentro do setor há nichos que já sentem melhoria nas condições de produção. O polo calçadista de Franca, no interior de São Paulo, registrou, de janeiro a agosto, nível de emprego igual a 2010, com 29,3 mil postos de trabalho, o maior da série desde 1999.

Desde o início do ano, as indústrias de calçados foram beneficiadas com a desoneração. A partir de agosto, porém, a alíquota sobre faturamento foi reduzida de 1,5% para 1%.

Outras mudanças que também tiveram peso para fazer Franca elevar produção neste ano foram a redução do ICMS de 12% para 7% e a adoção de medidas antidumping contra calçados chineses, que agora chegam ao porto de Santos US$ 5, em média, mais caros do que os produzidos na região. José Carlos Brigagão, presidente do Sindifranca, está otimista com relação à produção do ano que vem. “Esperamos crescimento, pois a economia terá incorporado melhor as medidas do governo.”

Fonte: Valor Econômico

 

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