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Com demanda aquecida, ofertas de debêntures serão ‘democratizadas’

Antonio Oliveira, superintendente-executivo de mercados de capitais do HSBC: segundo semestre será marcado por ofertas de maior volume e captações de empresas de “primeiríssima linha”

Embalado pela queda dos juros, o mercado de debêntures se mantém aquecido na segunda metade do ano, quando é esperado um volume de emissões de pelo menos R$ 11 bilhões. A retomada, após um começo de ano a aquecido seguido por dois meses de poucas operações, vem acompanhada de mudanças no perfil dos negócios. O tom será dado por ofertas voltadas a um grande número de investidores e remuneração baseada na inflação.

São diferenças importantes em relação aos últimos dois anos. Nesse período, grande parte das operações foi feita com base em regra da Comissão de Valores Mobiliários que acelera os preparativos das ofertas, mas limita a colocação a apenas 20 investidores (instrução 476). Agora, a expectativa dos bancos é que voltem a crescer as ofertas públicas via instrução 400, que prevê distribuição ampla, sem restrição de número de investidores.

Ao mesmo tempo, têm ganhado relevância as debêntures com parte de sua remuneração atrelada ao IPCA e não à taxa do certificado de depósito interfinanceiro (DI). Exemplo disso é a emissão de R$ 300 milhões da Lojas Renner, cuja definição de preços saiu nesta semana. A primeira série, de seis anos, vai pagar CDI mais 0,97% ao ano. A segunda vai remunerar os investidores com IPCA mais juros de 5,70% ao ano e terá prazo de sete anos. Embora a parcela atrelada à inflação represente menos de um terço do valor total da emissão, recebeu um volume de ofertas duas vezes superior ao da série com CDI.

“Quem tem entrado forte nas ofertas com IPCA são os fundos de pensão, que têm metas atuariais baseadas nesse indicador”, afirma o superintendente-executivo de mercados de capitais do HSBC, Antonio Oliveira. “Mas a grande novidade é que algumas gestoras também estão entrando pesado no IPCA em busca de rentabilidade.”

Os papéis indexados pela inflação podem contrabalançar a queda na remuneração das debêntures tradicionais. Na percepção de Lauro Campos, responsável pela análise de crédito da SulAmérica Investimentos, se a redução das taxas persistisse, poderia levar investidores a outro ativos, como as letras financeiras dos bancos.

 

Mas não é o que tem acontecido. Com a redução da Selic, muitos compradores tradicionais de títulos públicos estão migrando para o crédito privado atraídos pelo retorno. O aumento da demanda tem levado à queda da remuneração das debêntures baseadas em CDI e os investidores têm preferido papéis indexados à inflação.

Paralelamente, com essa procura maior, muitos investidores não conseguem comprar as debêntures colocadas com esforços restritos por causa da limitação no número de participantes permitidos nessas operações. Outro fator é que apenas 20% do patrimônio líquido dos fundos de investimento pode ser aplicado em papéis com oferta restrita e muitos estão batendo nesse teto.

“Cada vez mais, os investidores estão preferindo emissões via instrução 400 [com distribuição ampla] e que paguem IPCA, e os emissores estão entendendo esses sinais”, afirma o chefe de mercados de capitais e renda fixa do BTG Pactual, Daniel Vaz.

De todas as emissões de debêntures que estão sendo preparadas para ir a mercado até outubro, apenas uma – da Elektro – está programada para sair por meio de distribuição restrita. As demais serão de colocação ampla, até porque são operações grandes.

Entre as operações previstas, a maior deverá ficar por conta da Eletrobras. A estatal planeja captar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,8 bilhões até outubro. Outra oferta de grande porte será feita pela Telefônica, no valor de R$ 2 bilhões.

As elétricas EDP, Eletropaulo (R$ 750 milhões) e Elektro (R$ 650 milhões) também estão na fila, assim como concessionárias de rodovias. A Autoban já iniciou os preparativos para captar R$ 1,05 bilhão. Rodovia das Colinas, Triângulo do Sol e Ecorodovias pretendem fazer emissões que, somadas, chegarão a cerca de R$ 3 bilhões.

Mais para o fim do ano, são esperadas emissões da Cemig e de seu braço de transmissão de energia, a Taesa, que deverão levantar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões.

Na estimativa de R$ 11 bilhões para o segundo semestre, entram apenas as ofertas que irão efetivamente a mercado. Não estão incluídas as operações de crédito realizadas pelos bancos por meio da emissão de debêntures.

Mas o interesse do investidor não tem se traduzido em espaço para emissores de maior risco. “Vai ser muito parecido com o segundo semestre de 2011, com duas diferenças. A magnitude das ofertas está maior e os emissores são empresas de primeiríssima linha”, diz Oliveira.

Se confirmadas todas essas operações, o mercado doméstico de emissões de renda fixa repetirá, na segunda metade do ano, um desempenho parecido com o que teve até junho. No primeiro semestre, as ofertas somaram R$ 12 bilhões. O ano começou forte e boa parte das operações saiu até abril. Em seguida, o mercado reduziu o passo diante do temor de colapso da zona do euro, mas voltou a se aquecer em junho, quando saíram ofertas de Cemar, Andrade Gutierrez, Energisa e BR Properties.

Fonte: Valor Econômico

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