23 de março de 2012
Nos últimos meses, a indústria brasileira tem amargado péssimos resultados. Praticamente estagnado, o setor sofre com os altos custos para produzir, com a concorrência dos produtos importados e também com a baixa produtividade dos trabalhadores. Nos últimos 30 anos, a produtividade dos colaboradores da indústria de transformação caiu 15%. Esse indicador é calculado pelas horas trabalhadas e pelo número de funcionários do setor.
No mesmo período, a produtividade dos chineses aumentou 808%. Os dados fazem parte de estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A China é a principal potência mundial e é natural que a produtividade dos seus trabalhadores seja maior. Mas o Brasil também ficou atrás do desempenho de vizinhos como o Chile, que apresentou aumento de 82,11%, e da Argentina, que cresceu 16,98% nos últimos 30 anos.
O aumento da produtividade é uma condição fundamental para o crescimento sustentado. Entre os fatores que contribuíram para o desempenho pífio da produtividade no país estão as deficiências de educação e infraestrutura. Cada vez mais, as indústrias usam equipamentos tecnológicos sofisticados e exigem uma boa formação educacional dos seus trabalhadores, mas apenas 20% dos funcionários do setor terminaram a universidade. Além disso, o Brasil ainda tem uma baixa integração com a economia global.
O indicador que mede a abertura comercial é a proporção do comércio exterior em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Quanto mais alto, melhor para a economia do país. Nos últimos três anos, ele ficou em 11% em média. Na Argentina, o mesmo indicador ficou em 20%. Apesar de todos os avanços tecnológicos, o Brasil ainda tem uma baixa absorção de tecnologia e inovação em muitos setores, sem contar comas dificuldades burocráticas para abrir empresas.
“O país precisaria crescer 4% ao ano para acomodar os aumentos salariais e competir com os produtos importados. O Brasil está se dando ao luxo de ter os maiores custos de produção do mundo, matando a indústria”, diz Júlio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Fonte: Brasil Econômico.