10 de fevereiro de 2012
A crise financeira internacional exige do governo federal um conjunto de medidas para manter a estabilidade econômica e impedir que o excedente de produtos manufaturados dos países desenvolvidos venha “matar” a indústria nacional.
São essas duas linhas que vão pautar a atuação estatal nos próximos anos, segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges Lemos. “O governo toma ações e isso influencia a economia”, afirmou o economista, um dos formuladores do Plano Brasil Maior, a política industrial do governo Dilma Rousseff. “Vivemos uma crise mundial muito aguda e fizemos duas apostas: garantir a estabilidade e não deixar a crise matar a indústria nacional.”
O diagnóstico do parque industrial brasileiro traçado pela ABDI expõe diferenças profundas entre alguns setores. Há, hoje, um hiato entre a produtividade nacional e as melhores práticas internacionais. As mais eficientes indústrias do mundo fabricam produtos muito superiores àqueles carimbados com “made in Brazil”.
O País possui dois extremos, na visão da agência. No setor básico, há indústrias de alto valor agregado no agronegócio, como frigoríficos e suco de laranja. Na outra ponta, estão os setores de petróleo, gás, aeronaves e cosméticos, com empresas líderes de mercado. A tarefa do governo é auxiliar os setores localizados entre essas duas extremidades. “O meio da indústria está perdendo feio”, afirmou Lemos.
O Plano Brasil Maior, lançado no ano passado, tem como objetivo facilitar a sobrevivência desses setores mais expostos, como por exemplo, celulose, mobiliário, farmacêutico, de borracha e produtos químicos e outros. Um forte empurrão estatal para isso serão as compras públicas.
Segundo Lemos, o governo deve finalizar nos próximos dias as margens de preferência nas aquisições governamentais de fármacos, para permitir que hospitais públicos possam pagar um pouco a mais para comprar remédios fabricados no Brasil. Medida semelhante já está em vigor para a indústria de defesa e produtos têxteis, e outros setores serão beneficiados em breve.
Fonte: Estado de São Paulo.