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Volks adota tecido de PET em banco do Gol

Fabricante do carro mais vendido no Brasil, a Volkswagen prepara o lançamento no país de seu primeiro modelo com quase toda a tapeçaria feita a partir de garrafas recicladas PET. Embora a empresa não confirme, a novidade deverá ser apresentada na nova versão do Gol, que chega ao mercado brasileiro no segundo semestre do ano.

Assim como seus principais concorrentes, há alguns anos a montadora alemã já utiliza nos carpetes de carros produzidos no Brasil um mix de matéria-prima virgem e reciclada. Agora, a Volks dá um passo adiante na corrida por inovação e sustentabilidade com a inclusão de revestimentos de bancos e portas do que um dia já foram garrafas plásticas de refrigerantes e água mineral. Dessa forma, os carros da nova linha terão praticamente 90% da sua composição de tecidos em PET reciclado – somente os tetos ficarão de fora.

“Mas essa é a parte fácil. Já fizemos o mais difícil, que foi desenvolver uma tecnologia muito mais sofisticada para bancos e portas”, disse ao Valor Antonio Carnielli Jr, gerente-executivo de Desenvolvimento de Produto da Volks no país, ressaltando que foram necessários dois anos de pesquisas para chegar às características ideais do tecido. “Se nós conseguimos chegar ao banco, chegamos ao teto”.

A experiência, até agora única no mundo, poderia ser mais uma boa notícia para a indústria e o ambiente no Brasil, não fosse um detalhe: a montadora terá de importar a matéria-prima reciclada para atender a demanda de produção. Isso porque não há oferta suficiente de garrafas sendo coletadas no país (grande parte ainda vai para aterros sanitários e lixões) e porque a indústria de reciclagem não atende às exigências de certificação da Volks, diz a montadora.

Sem revelar volumes, alegando questões de mercado, Carnielli diz que as encomendas de granulado de PET (resultado da trituração das embalagens) começam neste mês e virão de empresas certificadas e auditadas dos Estados Unidos e da Espanha. Mas não deverá ser pouca coisa: cálculos da Volks mostram que cada revestimento para veículo utilizará até 52 garrafas de 1,5 litro. “O problema no Brasil é o fornecimento. Nós não podemos contar com incertezas na entrega.”

Refém da falta de estrutura do setor e de políticas públicas, o mercado de reciclagem de embalagens PET está longe do que deveria ser para atender a demanda da indústria têxtil, o principal destino para esse tipo de plástico. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria PET (Abipet), mais da metade das embalagens pós-consumo foram recicladas em 2010, somando 282 mil toneladas de um total de 505 mil toneladas de PET consumidas – em sua grande maioria através de refrigerantes.

Apesar de ser um número representativo, a desestrutura da cadeia é o maior gargalo. Diferentemente de outros grandes mercados de reciclagem, como o Japão e países da Europa, as garrafas PET ainda são recuperadas no Brasil por cooperativas de catadores ou catadores independentes, mais vulneráveis às oscilações de preços do mercado e a outros problemas sociais.

Por essa característica, o fornecimento é desigual. Nos meses em que as cooperativas estão saturadas, muitas garrafas são “devolvidas” aos aterros. Também são preteridas quando o preço do alumínio ou papelão estão mais altos.

Segundo o executivo, além da falta de garantia de fornecimento, as características das garrafas precisam ser rigorosamente respeitadas – ou o tecido não resistirá. A fibra de plástico deve ter a mesma espessura e as cores das garrafas não podem ser misturadas. “Ao contrário dos carpetes, que são tecidos rústicos, o revestimento de um banco deve ser altamente resistente. Não pode desbotar, esgarçar, deve absorver o suor mais rápido e precisa comportar diferentes padrões de design”, diz Carnielli.

E é aí que entra a importância da certificação. “Coisa que ainda não existe no Brasil. Não sabemos a procedência das garrafas, quem as coleta, não há rastreabilidade. Quem sabe com a nossa demanda, alavancamos esse setor no país.”

A Abipet concorda com a falta de matéria-prima disponível, mas defende que a indústria brasileira têxtil que utiliza fibras de PET reciclado já está bastante desenvolvida. “O que ocorre é que algumas aplicações da indústria automobilística têm exigências mais rigorosas”, diz Auri Marçon, presidente da entidade. “Para essa tecnologia, realmente estamos atrasados.”

A nova linha de carros da Volks utilizará a mistura de 60% de fibra reciclada e 40% de fibra virgem.

Fonte: Valor Econômico

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