19 de abril de 2013
Conquistar maior eficiência e competitividade depende da capacidade de levar tecnologia a todos os elos da cadeia produtiva. O desafio exige maior acesso a recursos financeiros, informação e inovação para empresas de micro, pequeno e médio portes. Especialistas são categóricos: sem ganho de produtividade nessas pontas, os setores não avançam, uma vez que as benesses obtidas pelas grandes empresas com investimentos em tecnologia e P&D são rapidamente anuladas pelo alto custo dos produtos e serviços contratados de seus fornecedores.
Chegar aos negócios de pequeno porte e analisar um grande volume de projetos de inovação só é possível com o aumento da capilaridade de entidades como a Financiadora de Projetos e Estudos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujas carteiras financeiras para projetos neste segmento somam R$ 1,8 bilhão, como está descrito no programa federal Inova Empresa, lançado no mês passado. “Precisamos crescer e a solução mais viável é descentralizar”, diz Glauco Arbix, presidente da Finep.
A estratégia da Finep é transformar bancos estaduais, bancos de desenvolvimento regional, agências de fomento e fundações de amparo à pesquisa em “agentes de financiamento”. Essas instituições, com estrutura de análise de crédito e de projetos montada, serão a base para a expansão do crédito nas cadeias produtivas. “Não temos condições de centralizar a avaliação de tantos projetos. Estamos distantes dessas empresas, não compreendemos suas necessidades e temos dificuldade na avaliação do potencial dos projetos”, admite Arbix.
A descentralização dos recursos beneficia diretamente os negócios de menor porte, aproxima os agentes financeiros dos empreendedores, reduz a burocracia e cria oportunidade de elaboração de melhores projetos. Também dá musculatura para as entidades estaduais, integrando União e Estados na política de fomento.
De acordo com Arbix, haverá possibilidade de combinar as linhas disponíveis – que envolvem crédito com taxas de juros subsidiadas (R$ 1,2 bilhão pelo Inovacred), subvenção econômica (R$ 350 milhões pelo Tecnova) e fundos de capital semente (R$ 220 milhões em duas edições do Criatec, tocado pelo BNDES). Outra novidade está na linha de R$ 50 milhões destinada à capacitação de empresas de pequeno e médio portes por entidades estaduais. “Os projetos de inovação demandam, muitas vezes, serviços como consultoria em gestão empresarial e apoio de marketing. Teremos como atender a essa demanda.”
A Inovacred é formada por carteira de crédito reembolsável e será tomada pela MPE à taxa anual média de 5%. “A Finep negocia com os bancos associados taxas e custos de contrato para garantir que o dinheiro chegue com este índice ao empreendedor”, diz Arbix. Para o Norte e Nordeste, as linhas são mais atrativas, com juros de 3,5%.
A maior parte dos recursos (60%) será utilizada em projetos relacionados aos eixos estratégicos definidos pelo governo federal. Ou seja, seguem para cadeias como saúde, energia, petróleo e gás, tecnologia da informação e comunicação (TIC), agricultura, aeroespacial e defesa e biodiversidade. “O restante fica a cargo da escolha e das prioridades dos agentes financeiros regionais”, explica.
Já a linha de subvenção econômica – capital empregado a fundo perdido – tem potencial para ser gerido pelas fundações estaduais de amparo à pesquisa. “Além de ampliar a capilaridade da Finep, essas instituições são capazes de trazer contrapartida para os contratos, somando mais dinheiro a este capital”, explica Mario Neto Borges, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
O reforço para os negócios de menor porte também é foco do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A instituição tem orçamento próprio para projetos de inovação, além de parceira com a Finep. “Nossa meta é atender 800 empresas pelo Tecnova, com assistência técnica especializada”, conta Carlos Alberto Santos, diretor-técnico do Sebrae Nacional.
Segundo ele, o incentivo à evolução tecnológica e à P&D conta com mais de R$ 1 bilhão, ou 30% do orçamento do Sebrae. A procura cresce anualmente. No ano passado, os serviços relacionados à inovação e tecnologia atenderam 109 mil empresas. Para 2013, a expectativa é de 130 mil.
Fonte: Valor Econômico