22 de fevereiro de 2013
Na América Latina, resultado do Brasil só íoi melhor do que o da Bolívia, segundo estudo divulgado pelo instituto Conference Board
A produtividade do trabalha¬dor brasileiro caiu “dramatica¬mente” em 2012. A constata¬ção é do centro de pesquisas Conference Board. Levantamento anual diz que o fraco crescimento do PIB e o contínuo aumento do emprego explicam a piora do desempenho nacional no ano passado.
“O declínio mais dramático na América Latina foi no Brasil, que mostrou queda no nível de pro-dução por pessoa empregada de 0,3% em 2012 após a desaceleração vista em 2010 e 2011”, destaca o relatório. Com isso, a produtividade média do brasileiro ficou em 18,4% do desempenho médio de um trabalhador norte-americano. O movimento foi na contramão da tendência global, já que a produtividade média mundial subiu 1,8% no ano, para 26,2% do observado nos EUA.
A pesquisa argumenta que a piora brasileira é fruto do fraco crescimento econômico somado à contínua melhora do mercado de trabalho. Ou seja, a produtividade caiu porque o número de trabalhadores aumentou em ritmo maior que a produção. Assim, cada empregado acabou produzindo menos que um ano antes. “A economia brasileira se deteriorou rapidamente sob a influência da desaceleração global, o que revelou a fraqueza interna que não era visível sob as elevadas taxas de crescimento dos anos anteriores”, destaca o relatório.
O estudo também calcula a eficiência do uso dos recursos de toda a economia – o que leva em conta, além do trabalho, outros fatores como infraestrutura, tecnologia e inovação. O chamado fator de produtividade total do Brasil caiu 1,8% no ano passado, também pior que outros emergentes e economias maduras. Sob essa ótica mais ampla, o estudo cita que “os principais problemas dizem respeito à infraestrutura inadequada, pouco investimento em novas máquinas e equipamentos, impostos elevados sobre o trabalho e melhora lenta na qualificação dos trabalhadores e da gestão”.
Comparação
O resultado da produtividade do brasileiro foi o segundo pior na América Latina, só à frente da Bolívia, país em que indicador médio ficou em 11,4% na comparação com um norte-americano, (veja outros países no quadro).
Em todos esses países emer¬gentes, porém, o índice subiu em 2012. A produtividade dos chine¬ses, por exemplo, saltou 7,4% em um ano.
O estudo do Conference Board compara a produtividade de trabalhadores de vários países do mundo em relação aos EUA. Por ser a referência do estudo, a produtividade de um norte-americano é usada como padrão. Portanto, de 100%.
Apesar de a economia do Brasil ter crescido a um ritmo mais rápido nos últimos anos, a produtividade não reagiu. Pelo contrário, o estudo mostra que a produção média por trabalhador brasileiro tem crescido menos que o visto em outros grandes emergentes desde 1996.
De acordo com o estudo, a produtividade média do brasileiro subiu 0,4% por ano no período entre 1996 e 2005. Esse ritmo é o pior entre os grandes emergentes citados pelo estudo. Nesse grupo, todos apresentaram desempenho melhor: Rússia, com expansão média da produtividade de 3,8% por ano, Índia (+4,3%), China (+7,1%), México (+14%), Indonésia (+1,1%) e Turquia (+4,6%).
Segundo o Conference Board, a produtividade dos brasileiros melhorou entre 2006 e 2011, quando, na média, o indicador subiu anualmente 2%. Mesmo com essa reação, o ritmo continuou aquém do visto em outras grandes economias emergentes: Rússia (+3,4%), índia (+5,9%), China (+10,4%) e Indonésial (+3,1%).
Fonte: O Estado de São Paulo