15 de junho de 2012
Cláudio Leal, do BNDES: pacote de estímulos elevaram demanda
Impulsionados por projetos de petróleo e gás, os investimentos na indústria sinalizaram movimento de retomada em abril, nas palavras do superintendente da área de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Claudio Leal. Isso, segundo ele, é perceptível no mais recente desempenho do banco, divulgado ontem.
Apesar do resultado pífio dos desembolsos, que subiram apenas 1% no primeiro quadrimestre ante igual período em 2011, para R$ 34,2 bilhões, a entrada de consultas no banco opera em ritmo forte. Primeiro passo do empresariado para pedido de empréstimo junto ao banco e usadas como “termômetro” para medir o apetite das empresas por novos investimentos, as cartas consultas atingiram R$ 73,8 bilhões de janeiro a abril deste ano. O volume é 37% superior aos pedidos do primeiro quadrimestre de 2011. Somente as consultas da indústria cresceram 71% na mesma comparação, o maior nível de elevação entre os quatro setores investigados pelo BNDES.
Na análise do superintendente, o pacote de estímulos à indústria lançado pelo governo durante a divulgação do programa Brasil Maior, em abril, e a ampliação de prazos do Programa BNDES de Sustentação do Investimento (BNDES PSI) levaram a um novo ímpeto de investimentos na indústria. “Observamos uma tendência de reversão [na estagnação de investimentos]”, afirmou. Porém, a retomada não é uniforme em toda a cadeia industrial, admitiu o superintendente, sendo mais concentrada nos fornecedores do setor de petróleo e gás.
A fraca atividade industrial observada nos últimos meses é perceptível também nos números do BNDES, que atestaram queda de 46% nos desembolsos para a indústria em 12 meses até abril. “A indústria tem passado por dificuldades, e o nível de atividade tem sinalizado estagnação, nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, lembrou o superintendente. Entre os problemas que levaram à indústria ao quadro atual, citados por Leal, estão forte concorrência com importados, e tributação elevada.
Com desembolsos de R$ 9,4 bilhões, a indústria respondeu por 28% dos desembolsos totais do BNDES no primeiro quadrimestre do ano, abaixo da fatia de infraestrutura, responsável por 39% das liberações, com desembolsos de R$ 13,4 bilhões. Em infraestrutura, o BNDES projeta liberações de R$ 60 bilhões em 2012, levemente superior a 2011 (R$ 56 bilhões).
A perspectiva favorável por novos empréstimos junto ao banco também pôde ser observado no resultado mensal de abril. Somente no quarto mês do ano, as consultas subiram 36% contra abril do ano passado. Esse ritmo de elevação é maior do que o nível de crescimento de desembolsos, que subiram 10%, no mesmo período de comparação.
Os projetos já contabilizados sinalizam que os desembolsos de 2012 devem ficar em torno de R$ 150 bilhões, acima dos R$ 139 bilhões de 2011.
Fonte: Valor Econômico