22 de junho de 2012
Surpreendidos pelos rumos do custo de vida, sobretudo após as desonerações concedidas pelo governo para automóveis, os analistas não conseguiram acertar a prévia da inflação oficial. Eles apostavam em 0,29%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) ficou em 0,18% em junho, o menor resultado para o mês desde 2006, quando houve deflação de 0,15%. Diante disso, foram obrigados a rever os números e se aproximaram das projeções do Banco Central. Alguns economistas já preveem uma taxa de até 0,05% para a inflação de “cheia” do mês de junho e de 4,5% para o ano, exatamente a meta perseguida pelo governo.
Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número foi celebrado por integrantes da equipe econômica, pois reforça a estratégia de cortar ainda mais a taxa básica de juros (Selic), uma forma de dar um estímulo adicional ao crescimento do país. A inflação baixa teve uma ajuda fundamental do Ministério da Fazenda. Com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos, a partir de 21 de maio, os veículos ficaram 3,50% mais baratos. O preço dos usados caiu 2,62%.
“O IPCA foi surpreendente. Veio abaixo do piso das expectativas. Além da queda dos veículos, a alimentação subiu pouco”, observou Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil. “O que o mercado não esperava era que a redução de IPI já entrasse nessa prévia da inflação porque começou praticamente no fim do mês passado”, explicou. Ele aposta que o IPCA fechado do mês fique em 0,7% e não passe de 4,8% em 2012. Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, da gestora de recursos Franklin Templeton, diz que reviu de 0,19% para 0,12% a previsão para o IPCA deste mês e crava 4,5% para a inflação do ano.
A queda de IPI para carros novos derrubou a venda de usados entre 7% e 10%, segundo donos de concessionárias ouvidos pelo Correio. Com isso, os carros mais antigos ficaram até R$ 3 mil mais baratos. “Minha tabela hoje caiu entre R$ 3 mil e R$ 2 mil para cada carro”, disse Valério Senna da Silva, gerente de loja na Cidade do Automóvel. Ele afirmou ainda que a queda nas vendas também se deve às barreiras que os bancos estão colocando para aprovar os cadastros de crédito. Segundo ele, os bancos estão negam 80% dos pedidos e não liberam mais financiamento de 100% do veículo, exigindo agora 50% de entrada.
Fonte: Correio Braziliense