05 de outubro de 2012
Apesar de estabelecer metas consideradas desafiadoras, o anúncio do regime automotivo foi bem recebido tanto pela indústria local como por marcas que estão chegando ao país.
A primeira manifestação positiva partiu do empresário Sergio Habib, que anunciou a retomada do projeto que prevê a instalação da montadora chinesa JAC Motors em Camaçari (BA). Segundo ele, o programa – que incluiu regras de transição para as novas fábricas – dá viabilidade ao empreendimento de R$ 900 milhões, antes suspenso à espera de uma definição do regime.
Além de estabelecer cotas de importação de 4,8 mil carros por empresa habilitada, o novo regime permite a geração de crédito tributário e a importação de carros sem os 30 pontos adicionais do IPI – em volume equivalente a 50% da futura capacidade instalada – pelas marcas que vierem a erguer fábricas no Brasil.
Em nota, a Chery, que desembolsa US$ 400 milhões em uma fábrica em Jacareí (SP), disse que o programa incentiva a empresa a investir cada vez mais no desenvolvimento de tecnologias.
Nas contas da Anfavea, a entidade que abriga as montadoras instaladas no Brasil, os investimentos da indústria automobilística – atualmente estimados em US$ 22 bilhões, ou R$ 44 bilhões, até 2015 – devem subir para a faixa de R$ 50 a R$ 60 bilhões com o regime automotivo, que vai até 2017.
Durante o anúncio das regras, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, citou investimentos de R$ 5 bilhões só com os projetos das chinesas Chery e JAC Motors, da japonesa Nissan, que ergue uma unidade em Resende (RJ), e da alemã BMW, cuja fábrica é aguardada em Santa Catarina. No caso das novas indústrias de caminhões, o valor projetado é de R$ 3,5 bilhões.
Em coletiva à imprensa na tarde de ontem, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, disse que a indústria terá que investir “muito mais”, para atingir as metas estabelecidas pelo regime.
Só em engenharia e pesquisa e desenvolvimento, os dispêndios são de 0,65% do faturamento no ano que vem – ou um total de R$ 942,5 milhões, considerando a receita da indústria de R$ 145 bilhões no ano passado.
Para Belini, o regime coloca a indústria automobilística em um novo ciclo tecnológico, além de ser um programa transformador, que vai promover investimentos no país. O resultado, acredita, será um setor mais competitivo tanto no terreno doméstico quanto no internacional. “No fim do programa, o Brasil estará apto a competir em novos mercados”, disse o executivo.
Segundo ele, o país chegará em 2016 com metas de eficiência energética comparáveis aos níveis que serão praticados na Europa em 2015.
Até 2017, as montadoras, obrigatoriamente, terão que melhorar em pelo menos 12% a eficiência energética – medida em megajoules – dos carros. Isso, de acordo com a Anfavea, significa uma redução do consumo de combustível de 13,6% por quilômetro rodado.
Fonte: Valor Econômico