04 de janeiro de 2021
Puxada pela mudança temporária de hábitos de consumo, a produção da indústria brasileira teve uma recuperação incomum no segundo semestre de 2020, após o tombo inicial provocado pela pandemia. Segundo a reportagem do Valor Econômico de hoje (04), a mediana das projeções dos economistas para a produção industrial é de crescimento de 5% em 2021, segundo o boletim Focus, do Banco Central, o que não recompõe totalmente a perda estimada em 5% no ano passado.
No acumulado do ano até outubro, dado mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial registra queda de 6,3%. O prognóstico dos especialistas para 2021, contudo, é que o setor volte “ao velho normal”, com os mesmos patamares de antes da pandemia.
Depois de cair 9,4% em março e 19,5% em abril, a produção industrial emendou seis meses consecutivos de crescimento. “O ritmo de recuperação foi bastante surpreendente e está num contexto de estímulos bem maiores que os estimados inicialmente”, afirma o economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, referindo-se aos programas de transferência de renda, de manutenção do emprego (BEm) e medidas de crédito adotadas pelo governo para conter a crise provocada pela pandemia. Ele lembra que o universo de trabalhadores que recebeu o auxílio – cerca de 66 milhões – foi bem maior que o esperado.
QUADRO POSITIVO DE CURTO PRAZO
Com os estoques em baixa, a produção da indústria tem um quadro positivo de curto prazo por causa da necessidade de recomposição do nível de produtos armazenados. Mas, a partir do segundo trimestre em diante, o setor deve sentir mais os efeitos negativos do desemprego, da queda da renda e do recrudescimento da covid-19, fatores que podem conter o consumo das famílias.
No lado positivo estão as perspectivas de aumento para as exportações industriais, por causa da esperada recuperação da economia global, e a vacinação contra a covid-19, embora atrasada no Brasil em relação a outras nações.
Nesse meio tempo, a indústria viveu uma falta generalizada de insumos como aço e plástico, gerada pelo aumento de demanda e interrupção das cadeias de fornecimento pelo mundo por causa da pandemia. Para Cagnin, o fato de o país nunca ter sido capaz de fazer um “lockdown” efetivo ajudou a recompor o nível de atividade.
FONTE: VALOR ECONÔMICO