23 de março de 2012
A indústria brasileira vem enfrentando um aumento gradual e contínuo de preços. Em reais, já descontada a inflação, a folha de salários na indústria aumentou 25% desde 2005, enquanto a energia elétrica industrial ficou 28% mais cara.
Com a valorização do real, esses e outros custos de produção ficaram ainda mais pesados, afetando a competitividade do setor, seja na exportação, seja no mercado doméstico, onde aumentou a presença de produtos importados. Nos últimos seis anos, a produção industrial cresceu 15%, enquanto o volume de vendas no varejo, 70%.
Para conviver com o aumento de custos, a indústria adotou estratégias de defesa que acabaram por afetar o próprio setor. Elas buscaram fornecedores mais baratos no exterior, montaram unidades fora do país e desviaram as vendas ao exterior para o crescente mercado doméstico.
O conjunto das estratégias adotadas pela indústria e as políticas macroeconômicas brasileiras derrubaram a indústria de transformação, em 2011, para o menor patamar de participação no Produto Interno Bruto (PIB) em cinco décadas – 14,6%. O fator que acentuou a piora na situação da indústria no ano passado, dizem economistas, foi o aumento da capacidade ociosa na indústria global em um cenário de menor expansão dos países desenvolvidos enquanto o mercado brasileiro ainda crescia.
Como consequência, houve uma corrida das empresas estrangeiras para vender no Brasil. A valorização do câmbio – de 40% em termos reais ponderada por uma cesta de 15 moedas desde 2005 – foi tão expressiva que a indústria perdeu competitividade não apenas para a China, mas também enfrenta dificuldade para concorrer com produtos alemães. Mesmo assim, os economistas se dividem sobre qual o papel do câmbio na perda de dinamismo e, consequentemente, na possibilidade de retomada do setor.
Fonte: Valor Econômico.