25 de maio de 2012
Recentemente, técnicos do governo da Argentina prepararam uma lista de produtos brasileiros que poderiam ser submetidos a entraves na fronteira, para evitar maior concorrência com produtos locais. A lista foi submetida para a presidente Cristina Kirchner decidir quais produtos seriam atingidos. A presidente deu uma única resposta: todos.
Parceiros da Argentina que conhecem o episódio temem que Buenos Aires acelere as dificuldades para importações em geral, afim de cumprir seu objetivo de superávit comercial de US$ 12 bilhões neste ano. A União Europeia (UE) decidiu denunciar na Organização Mundial do Comércio (OMC) várias práticas argentinas que considera violação das regras internacionais.
As informações de provável maxidesvalorização do peso foram recebidas sem surpresa por certos parceiros de Buenos Aires. “Pelo menos é uma maneira decente de fazer as coisas”, afirmou um deles. “Pode ajudar a competitividade, mas também ter impacto inflacionário colossal.” Na conferência ministerial da OCDE, clube dos países desenvolvidos, várias nações fizeram críticas veladas ao protecionismo argentino.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, jogou a carta de que a melhor defesa é o ataque. Num discurso acalorado na plenária da OCDE, disse que a maior tarifa de importação da Argentina é “de apenas 35%, mas a aplicada é muito menor”. E indagou: “Vocês sabem quais são as tarifas enfrentadas por produtos argentinos nos mercados da União Europeia?” E desfiou uma lista: 151% para manteiga, 126% para carne bovina, 117% para alho, 96% para queijo.
Com todos tendo na memória a recente nacionalização da YPF, o ministro disse que a Argentina é “um dos menos restritivos” países para os investimentos estrangeiros diretos. Mostrou várias cifras indicando que a economia vai bem. Depois pegou a maleta e partiu.
Fonte: Valor Econômico