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Energia mais barata afeta preços em vários setores

Não é só a redução nas contas de luz dos consumidores e a possibilidade de repasse de custos menores com energia por parte da indústria que podem dar algum alívio ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013. Grupo que mais pressiona a inflação e consumidor de baixa tensão, os serviços também serão beneficiados com corte de 16,2% em seus gastos com energia elétrica, o que, para economistas, pode chegar, ainda que em magnitude bem menor, aos preços finais. Nos 12 meses encerrados em agosto, os preços de serviços subiram 8,77%, muito acima dos 5,24% acumulados pelo IPCA, segundo cálculos da Tendências Consultoria.

No setor de serviços prestados às famílias, os Serviços Industriais de Utilidade Pública (Siup) representam 14,7% do total gasto com insumos, excluindo-se mão de obra. Na média dos outros ramos da economia, essa fatia é bem menor, de 5,3%. A energia elétrica tem peso de mais de 80% dentre as tarifas públicas incluídas nos Siup, tais como água, gás, e esgoto. Os cálculos são da LCA Consultores, com base em dados das contas nacionais de 2009.

Assim, a diminuição nas tarifas de energia para consumidores de baixa tensão, explica Fabio Romão, economista da LCA, é um dos motivos pelos quais a consultoria projeta alta de 8,3% para a inflação de serviços no próximo ano, contra os 8,7% estimados para 2012. Após o anúncio oficial do pacote, Romão cortou de 5,3% para 5,1% sua previsão para o aumento do IPCA em 2013.

O impacto direto das contas de luz residenciais mais baratas no indicador, calcula o analista, é de menos 0,55 ponto percentual, mas, estimando-se repasses indiretos da indústria e dos serviços com a folga nos custos, o IPCA pode ficar 0,70 ponto percentual menor em função da desoneração da energia. Romão acrescenta que outros fatores devem amenizar a inflação de serviços no próximo ano, sendo o principal o ganho real mais comedido no salário mínimo – que em 2012 foi de 7,5% e, em 2013, está estimado em apenas 2,7% – bem como uma alta menor dos alimentos, o que diminui a pressão no segmento de alimentação fora do domicílio.

O economista pondera, no entanto, que não incorporou esse alívio integral em sua nova estimativa devido à expectativa de mais um aumento de combustíveis nas refinarias. “Sem a neutralização por meio da Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico], a gasolina deve ser reajustada em 7,5% na bomba e o diesel, em 10%. Isso não elimina totalmente a defasagem em relação aos preços externos, mas tem impacto adicional de 0,50 ponto percentual na inflação.”

Eduardo Velho, economista-chefe da PlannerProsper Corretora, calcula em menos 0,75 ponto percentual o impacto das tarifas de energia mais baratas no IPCA de 2013. Dentro dessa estimativa, menos 0,25 ponto percentual vem de repasses indiretos da indústria aos preços finais e, em menor grau, dos serviços. “É muito mais provável, quando há queda de preços, haver repasses mais robustos para frente em setores com demanda menor do que naqueles com procura forte”, sustenta Velho.

Com a perspectiva de recuperação mais pronunciada da atividade econômica em 2013, o analista vê espaço reduzido para a transmissão de custos menores do setor de serviços aos preços finais, embora acredite que uma pequena parcela dessa redução chegue ao consumidor. Para uma alta de 5% do IPCA em 2013 (caso haja um aumento da gasolina no próximo ano, essa projeção será aumentada em 0,4 ponto percentual), Velho projeta elevação de 6,9% dos serviços. Para 2012, a PlannerProsper trabalha com inflação de 7,6% nesse grupo de preços.

Fonte: Valor Econômico

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