06 de julho de 2016
Com o significativo crescimento das redes de supermercados europeus que optaram pela venda a granel de produtos de largo consumo – reduzindo com isso a quantidade de embalagens descartadas no meio ambiente –, os produtores de packaging estudam agora outras alternativas para não perderem a própria parcela do mercado.
Nesse sentido, as indústrias de embalagens flexíveis destinadas ao setor de alimentos não medem esforços para desenvolver materiais cada vez mais sofisticados e sustentáveis. O objetivo principal é obter produtos de fontes renováveis e, se possível, que colaborem para o aumento da vida útil dos alimentos ou, pelo menos, identifiquem os seus clássicos mecanismos de deterioração, como aqueles fisiológicos, biológicos (parasitas, mofos, bactérias), físicos (desidratação) ou, enfim, químicos, como a oxidação.
Assim, um novo nicho do setor de packaging, aquele das chamadas embalagens inteligentes e ativas, tem despertado cada vez mais o interesse das grandes indústrias alimentícias. De acordo com as previsões europeias, o mercado mundial do chamado smart packaging movimentará cerca de 8,8 bilhões de dólares até 2013.
Em um futuro próximo, segundo especialistas, será comum encontrar nas prateleiras dos supermercados embalagens que mudarão de cor sempre que um produto sofrer algum tipo de avaria ou dano, como oscilações de temperatura ou algum tipo de estresse mecânico como deformações, amassaduras ou abalamentos.
Escolher uma fruta sem tocá-la ou um pacote de frios sem sentir diretamente o seu aroma será possível graças às embalagens que indicarão o grau de amadurecimento de hortifrutíferos ou o verdadeiro frescor de alimentos facilmente deterioráveis; uma maneira segura de orientar os consumidores, garantindo-lhes a boa qualidade das mercadorias vendidas.
No velho continente, as normas que regulam o setor de embalagens ativas e inteligentes são relativamente recentes e isso explica a liderança de outros países como os Estados Unidos ou o Japão nesse segmento. Segundo o US Trade and Patent Office, até 2005 o número de produtos denominados “embalagens ativas” patenteados nos Estados Unidos chegava a 7.613, enquanto que outros classificados como “embalagens inteligentes” somavam apenas 169 no mesmo período.
Um exemplo concreto de um supermercado que já utiliza as embalagens inteligentes ou smart packaging é a rede francesa Monoprix, que para os produtos com a própria marca adotou embalagens que indicam a sua histórica térmica.
Segundo um estudo realizado pelo instituto de pesquisas americano BCC, o mercado mundial das embalagens ativas e inteligentes registra, anualmente, um crescimento médio de 10% e, somente em 2008, movimentou cerca de 134 bilhões de dólares.
Em toda a Europa, um dos pioneiros no estudo do filão das embalagens inteligentes é o Polylab, laboratório regional para aplicações industriais de polímeros do Centro Nacional de Pesquisas (CNR) da cidade de Pisa, na Itália. A técnica desenvolvida pelos pesquisadores do Polylab consiste na aplicação de moléculas fluorescentes de um corante de grau alimentício nos filmes de polipropileno e polietileno, durante o seu processamento por extrusão.
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Assim que um produto sofre uma deformação ou um aquecimento excessivo, a estrutura supramolecular dos agregados de moléculas cromofóricas se rompe, gerando uma visível mudança de cor nas embalagens – de verde transforma-se em azul facilmente identificável –, assim que forem expostas a uma simples luz UV.
Por enquanto, o laboratório está concentrado no estudo de polímeros de síntese, mas não se exclui a possibilidade de aplicar uma técnica análoga a polímeros naturais, já que as moléculas selecionadas para este processo foram autorizadas pelos organismos competentes, e que o custo final de um polímero com esta característica é de 10% a 20% superior ao convencional.
No que se refere às embalagens ativas, o maior benefício está na possibilidade de agir diretamente na conservação dos alimentos, seja por meio da emanação de substâncias protetoras ou dispositivos para a absorção de outras que aceleram a degradação de um produto perecível.
Até pouco tempo atrás, um dos métodos largamente empregados na conservação dos alimentos era a utilização de embalagens com atmosfera modificada ou a vácuo, não encolhíveis. Combinando camadas de poliamida e polietilenos de baixa densidade ou então outras poliolefinas, cria-se uma espécie de barreira ao oxigênio, garantindo ao material boa resistência mecânica. No entanto, considerando que o material não é completamente impermeável ao oxigênio, nem totalmente resistente à perfuração, a nova tendência é a colocação de absorventes de oxigênio no interior das embalagens.
Assim, a vida útil e o prazo de validade do alimento são obviamente estendidos, maximizando a shelf life ou vida de prateleira dos produtos, evitando a proliferação de micro-organismos deterioradores aeróbios.
Fonte: www.plastico.com.br