04 de junho de 2012
No Brasil, o etanol já é sinônimo de biocombustível. O que muita gente não sabe é que os produtos derivados da cana-de-açúcar podem ser utilizados de várias outras formas, dando origem à geração de energia elétrica, a plásticos recicláveis e a outras soluções para substituir combustíveis fósseis. A geração de energia elétrica a partir da queima do bagaço e da palha da cana, por exemplo, já responde por 4,7% da matriz energética brasileira.
O etanol também é aproveitado pela indústria química como matéria-prima para a fabricação de produtos de limpeza, farmacêuticos e tintas, assim como o açúcar é utilizado como matéria-prima para a fabricação de produtos nas indústrias alimentícia e farmacêutica. O “plástico verde” é outro exemplo dessa diversificação. Para criar o produto de origem vegetal 100% renovável, o etanol da cana é desidratado e submetido a um processo industrial para se transformar em etileno, que é, então, polimerizado.
Suas características e propriedades idênticas às do produto de origem fóssil permitem a mesma utilização do plástico comum. O fato de cada tonelada produzida do “plástico verde” sequestrar até 2,5 toneladas de dióxido de carbono do ar, por meio da absorção feita pela cana-de-açúcar, conquistou as empresas engajadas em questões socioambientais. Isso só foi possível graças aos investimentos em pesquisa e em tecnologia de ponta no Brasil, tanto para o aproveitamento total da cana para a energia como para a ampliação considerável da gama de aplicações do etanol.
Todas essas iniciativas possibilitam a consolidação da indústria alcoolquímica, dando novas perspectivas ao setor sucroalcooleiro. De acordo com dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o mercado de etanol para as indústrias químicas e farmacêuticas movimenta, no país, volume superior a 1,2 bilhão de litros por ano. Acredita-se que esse montante possa dobrar ou até triplicar na próxima década. O cenário otimista tem levado diversas empresas do setor a rever suas estratégias de negócio, de modo a ampliar a participação nesse mercado.
O setor tem potencial para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar e do etanol. No entanto, é necessário investir. No médio e longo prazos, a tecnologia permitirá que o etanol continue dando origem a novos produtos. Uma das alternativas é o caso do etanol de segunda geração, que aproveita a folha e o bagaço da cana para a produção de bicombustível, além do diesel da cana, que possui vantagens técnicas e ambientais em relação ao diesel derivado de petróleo. É o futuro do setor que começa a se desenhar.
Fonte: Folha de S. Paulo – SP