29 de junho de 2012
Formado em sua grande maioria, por empresas de micro e pequeno porte, setor transformador de plásticos precisa de apoio para não perder mercado e continuar trabalhando
Responsáveis pelo fornecimento de resinas plásticas a mais de 8 mil transformadores no País, os distribuidores associados à Adirplast (Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas e Bobinas Plásticas de BOPP e BOPET) conhecem de perto as principais necessidades dessas empresas. E uma das maiores delas, sem dúvida, é a ausência de crédito. “Não é raro ver empresas fazendo dívidas para repor seus estoques e assim garantir o funcionamento de suas linhas de produção por mais um ou dois meses”, afirma Laercio Gonçalves, presidente da entidade.
Ainda segundo o dirigente da Adirplast, o antigo hábito de estocar matéria-prima em demasia é um dos principais erros dos pequenos transformadores e isso consome o crédito que a empresa deixa de ter em caixa: “Para evitar que nossos clientes passem por esse problema, nós os instruímos a utilizar nossos estoques. Estocar e distribuir é função nossa de fornecedores. Ele deve se preocupar com os investimentos que irão de fato beneficiar sua rentabilidade, como na aquisição de novas máquinas ou contratação de pessoal qualificado”, explica Laercio.
Além de viabilizar compras bem menos volumosas que as exigidas pelas petroquímicas, o que permite que os transformadores façam inúmeros pedidos mensais e evitem estoques desnecessários, os distribuidores ainda facilitam o pagamento do produto seja por meio do financiamento próprio, com ampliação dos prazos oferecidos pelas petroquímicas, ou do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. “Ao tornar o crédito possível para o micro e pequeno empresário, os distribuidores assumem o papel de fomentadores da indústria do plástico”, afirma Wilson Cataldi, vice-presidente da Adirplast.
Nos últimos dois anos, estima Cataldi, as distribuidoras ligadas à Adirplast ajudaram os transformadores a financiarem cerca de R$ 300 milhões junto ao BNDES: “Uma coisa é ser comerciante e entregar apenas o quilo de resina vendido. Outra, bem diferente, é ser fomentador da indústria e oferecer junto ao produto uma série de serviços ao cliente”.
Serasa
Em um mercado cada vez mais competitivo, ter crédito pode nem sempre significar ter dinheiro para investir, mas apenas para manter as contas da empresa em dia. Levantamento feito pelo Serasa e apresentado aos associados da Adirplast mostra que as variações econômicas do último ano foram sentidas de perto pela indústria transformadora de plástico, que protagonizou em janeiro deste ano índices de mais de 21% em relação à série histórica da base de dados da Serasa Experian. “Esse não é um resultado isolado. A falta de pagamento em outros mercados e setores, como o de autopeças, que no mesmo período chegou a mais de 40%, impacta diretamente o setor de plásticos”, afirmou Márcio Torres, gerente especialista em crédito da Serasa Experian e professor de finanças da ESPM.
Ainda segundo levantamento apresentado por Torres, depois de um ano de sufoco, com variação média de 17% de inadimplência, também em relação ao dado histórico do Serasa, o setor de transformação de plásticos parece ter retomado um pouco de fôlego. Em abril o índice de não pagamento recuou 11,8%.
Fonte: Adirplast