30 de julho de 2012
A declaração do presidente do BCE, Mario Draghi, que fará tudo que puder para preservar o euro foi o catalisador de um forte movimento de alta nos ativos de risco – ações e commodities – e de baixa moderada dos Treasuries nos mercados internacionais. Os investidores aproveitaram a melhora no sentimento gerada pela aparente determinação da autoridade monetária em dar suporte à zona do euro para fechar posições vendidas a descoberto, considerando que o mês caminha para o seu fim e na próxima semana os mercados ficarão “de lado” à espera do encontro de política monetária do Federal Reserve, dos EUA.
O índice Dow Jones subiu 1,67% e fechou com 12.887,93 pontos. O S&P-500 avançou 1,65%, a 1.360,02 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 1,37%, aos 2.893,25 pontos. Na Europa, o índice Stoxx 600 subiu 2,47% e fechou com 256,58 pontos.
Os mais otimistas interpretaram a declaração de Draghi como um sinal que o BCE poderá voltar a comprar bônus em um esforço para reduzir os custos de financiamento soberano dos países mais problemáticos. Alguns analistas também viram uma indicação que a autoridade voltou a considerar a possibilidade de lançar outra operação de financiamento de longo prazo – o programa de liquidez a baixos custos aos bancos da região para evitar um aperto no crédito.
Mas outros analistas não ficaram convencidos de uma mudança nos rumos da crise europeia. “Eu estou um pouco cético”, disse Art Cashin, diretor de operações do UBS Financial Services, à rede CNBC. “Esse movimento de alta foi principalmente conduzido por um enorme surto de cobertura de vendas a descoberto no euro. Foi um grande movimento, mas estamos no mesmo lugar que estávamos há três dias.”
“Isso não foi exatamente um plano. Foi um comunicado”, disse Kim Caughey Forest, analista sênior de ações da Fort Pitt Capital Group, ao site CNNMoney. “São mais palavras, não uma ação completa”, acrescentou.
Esses analistas observam que a crise da dívida europeia continua sendo um grande risco para os mercados globais e que a cada dia aumenta a convicção dos investidores que a Espanha precisará de um resgate soberano.
Em uma indicação que o sentimento de aversão ao risco não desapareceu totalmente mesmo diante da forte alta das ações, o Tesouro americano vendeu US$ 29 bilhões em notes de sete anos a um yield (taxa de retorno) baixo recorde de 0,954%, a primeira vez na história que esse papel é colocado com um rendimento inferior a 1%. Na oferta anterior, no fim de junho, as T-notes de sete anos foram vendidas com um yield de 1,075%.
Nos dois leilões anteriores, os investidores igualmente concordaram em comprar T-notes em troca de yields mínimos. Mas ao contrário dos outros dias, quando os leilões foram realizados em meio a uma liquidação dos ativos de risco, a oferta de ontem ocorreu enquanto o Dow Jones subia mais de 200 pontos e o euro atingia seu melhor nível em duas semanas, para cima de US$ 1,23. Para traders e analistas, a tendência de queda dos yields dos Treasuries continua intacta. Entre as moedas, o euro atingiu US$ 1,2330 na máxima, mas depois moderou os ganhos e chegou ao fim da sessão em Nova York cotado a US$ 1,2281, de US$ 1,2158 da véspera.
Essa alta impulsionou o petróleo e ao ouro, ativos denominados em dólar que se beneficiam da fraqueza da moeda americana.
Fonte: Valor Econômico