23 de novembro de 2012
A expectativa do término de medidas de isenção e de redução tributária para bens duráveis, aliada a incertezas na recuperação da economia internacional e à demora da retomada mais robusta dos investimentos, ajudaram a derrubar a prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas. O indicador sinalizou recuo de 0,8% em novembro. A prévia abrange consultas a 806 empresas – o que corresponde a dois terços do universo do levantamento. O índice completo será anunciado no dia 27.
Para Aloisio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos Econômicos da FGV, os empresários, depois das sucessivas prorrogações de reduções de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cobrado na venda de veículos e produtos de linha branca, estariam cautelosos quanto à continuidade dessas medidas por mais tempo, devido às noticias de que esses benefícios estariam afetando a arrecadação tributária.
Campelo também lembrou as dúvidas sobre a retomada da demanda internacional. Segundo ele, o cenário externo não tem dado bons sinais, devido ao mau desempenho das economias da Argentina e da maioria dos países europeus, da desaceleração da economia chinesa e da estagnação da economia americana. Esses fatores reduziram o otimismo dos exportadores brasileiros em relação ao futuro que, nos três meses anteriores, apontava trajetória de recuperação, no âmbito do ICI.
“A empolgação do empresário quanto aos próximos meses perdeu fôlego”, disse o economista da FGV. Para Campelo, os empresários esperam consumo moderado em janeiro de 2013. Tendo essa previsão em mente, iniciam com mais cautela planejamento das empresas em relação ao ritmo de horas pagas e ao volume de contratações necessárias para o próximo ano.
“A recuperação da atividade está mais lenta”, disse Campelo, dando como exemplo a indústria de bens de capital – que até o momento não mostra sinais de recuperação sustentável e é considerado um verdadeiro termômetro para mensurar a trajetória de novos investimentos na economia. “Existe uma moderação, uma cautela, permeando os resultados da confiança da indústria”, afirmou Campelo.
No entanto, o técnico não descartou a possibilidade de melhora ao longo de 2013. Isso seria possível com a ajuda do efeito defasado, na economia real, das sucessivas reduções da taxa básica de juros (Selic) e de alguma recuperação mais visível no cenário externo. Assim, a indústria poderia iniciar retomada mais robusta.
Um ponto favorável destacado por Campelo, que pode ajudar a sustentar essa possibilidade, pode ser encontrado na prévia do índice de confiança da indústria. Para o economista da FGV, mesmo com o recuo na confiança, a prévia do Nível de Utilização de Capacidade Instalada para novembro sinalizou permanência no patamar em torno de 84%, no qual permanece há três meses. “Pode ser que esse patamar mais fraco na confiança não prossiga ao longo do ano que vem”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico