05 de abril de 2013
Dados divulgados ontem pela indústria automobilística confirmaram uma reação do setor após o fraco desempenho de fevereiro, mas sem o vigor que as montadoras esperavam e sem evitar também uma desaceleração do mercado no primeiro trimestre.
Em março, a produção de veículos no país – entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – cresceu 39,2% em relação a fevereiro e 3,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Por sua vez, as vendas subiram 20,8% sobre o mês imediatamente anterior.
Em relação ao volume de um ano antes, houve queda de 5,5% nos emplacamentos, mas essa comparação foi comprometida pelo efeito do calendário, já que, por conta do feriado da Sexta-Feira Santa, março deste ano teve dois dias de venda a menos.
No total, as montadoras produziram 319,1 mil unidades e as vendas, incluindo importados, chegaram a 283,9 mil veículos no mês passado. Com o aumento de 8,7% na média diária de vendas, que chegou a 14,2 mil veículos, houve ajuste nos estoques, com o giro dos veículos parados nos pátios caindo para 35 dias, abaixo dos 39 dias de fevereiro.
As exportações das montadoras, marcando crescimento de 3,1% na comparação anual, foram um dado positivo no balanço de março, mas a tendência, segundo a Anfavea, ainda é de queda para os embarques deste ano.
No acumulado do primeiro trimestre, o mercado viu a taxa de crescimento ser reduzida para 1,5%, abaixo da alta de 4,6% registrada no fechamento do ano passado. O desempenho também ficou aquém das projeções, mantidas pela Anfavea, que apontam para uma evolução de 3,5% a 4,5% dos emplacamentos neste ano.
A desaceleração das vendas no início do ano e o risco de não repetir o resultado recorde de 2012 foram usados como argumento pela indústria para convencer o governo a não subir, neste mês, as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros.
Ontem, Cledorvino Belini, presidente da Anfavea confirmou que a entidade manifestou ao governo a necessidade de prorrogar a redução do tributo para permitir a retomada na velocidade de crescimento apresentada no ano passado.
“Não é um mau número [o crescimento de 1,5% no primeiro trimestre], mas para chegar a 4,5% foi necessária a medida do IPI”, disse Belini a jornalistas. Para compensar o tímido desempenho dos três primeiros meses do ano e chegar às metas traçadas pelas montadoras, as vendas terão de evoluir a um ritmo de 4% a 5% a partir de agora.
O tema do IPI foi abordado na reunião que Belini teve na quinta-feira da semana passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo. Porém, na ocasião, o executivo desconversou sobre a possibilidade de o governo interromper a retirada gradual dos descontos no imposto, ao informar que o encontro havia sido marcado para discutir a reestruturação do sistema de leasing de veículos.
Dois dias depois foi anunciada a manutenção das alíquotas reduzidas do tributo até o fim do ano. Belini, que deixa a presidência da Anfavea no dia 22, após mandato trienal, disse que o Planalto não cobrou contrapartidas para tomar a decisão.
Fonte: Valor Econômico