02 de fevereiro de 2022
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A Selic não ficava em dois dígitos desde julho de 2017. Foi oitavo aumento seguido dos juros.
“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023.
Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o BC no comunicado.
A decisão veio em linha com o consenso do mercado, que era de elevação de 1,5 ponto percentual, conforme sinalizado pela autoridade monetária na reunião anterior, em dezembro. Na ocasião, a Selic foi elevada em 1,5 ponto, para 9,25% ao ano, e o colegiado afirmou no comunicado que antevia “outro ajuste da mesma magnitude” para o encontro de hoje.
Esta foi a oitava alta consecutiva da taxa básica de juros.
Redução do ritmo de ajuste
O Copom afirmou que antevê redução do ritmo de ajuste da Selic na próxima reunião.”Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros”, afirmou no comunicado.
“Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, disse. O Copom enfatizou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.
A próxima reunião ocorre em 15 e 16 de março. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, reiterou.
Para o colegiado, “a decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023″.
Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, completou o comunicado.
Riscos para inflação
O Copom manteve a assimetria no balanço de riscos para a inflação, o que significa que as chances de a inflação superar o projetado são maiores do que as de ficar abaixo.
“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação e, portanto, a assimetria altista no balanço de riscos”, diz o comunicado.“Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência.”O colegiado continua a ver riscos tanto altistas quanto baixistas para as projeções de inflação.
Inflação ao consumidor
O Comitê ainda ressaltou que a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como principalmente nos itens associados à inflação subjacente.”
Em relação à atividade econômica brasileira, o colegiado destacou que indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os relativos ao mercado de trabalho.
Aperto monetário nos EUA
O Comitê afirmou ainda que o risco de um aperto monetário mais célere nos Estados Unidos poderia tornar as condições financeiras mais desafiadoras para as economias emergentes.
“No cenário externo, o ambiente segue menos favorável. A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes”, diz o comunicado.
O Copom também cita a evolução da pandemia. “A nova onda da covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção”, diz.
FONTE: VALOR ECONÔMICO