17 de abril de 2012
De modo sutil, os sinais de desabastecimento na capital argentina vão se mostrando depois da criação de uma série de barreiras comerciais pelo governo com praticamente uma novidade por semana: a desta sexta-feira foi a introdução de um controle fotográfico nos contêineres, para verificar se a carga retida condiz com as declarações de antecipação das importações, mecanismo criado em 1º de fevereiro que barrou cerca de 30% das compras do país.
Segundo o diretor de relações institucionais da Câmara de Importadores da Argentina (Cira), Miguel Ponce, das 164 mil declarações apresentadas desde 1º de fevereiro, 51 mil ainda não foram liberadas. A barreira motivou a apresentação de um documento no comitê de bens da Organização Mundial de Comércio (OMC) por parte da União Europeia, dos Estados Unidos e de outros 14 países.
As barreiras afetam também a indústria nacional: no caso do vestuário, por exemplo, a confecção é feita com tecido importado, que está retido. Mas o desabastecimento é mais grave nos itens que já estavam com problemas de importação antes da criação das mais recentes barreiras. “Entre 2008 e 2011, aumentou muito a quantidade de produtos colocados no regime de licenças não automáticas. Quando a área de comércio exterior saiu do Ministério da Indústria para uma secretaria própria na órbita do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, havia uma herança de licenças vencidas e não renovadas. O resultado é que temos encomendas barradas desde agosto”, disse Ponce.
Fonte: Valor Econômico.