15 de maio de 2011
“O problema do lixo precisa ser resolvido como um todo”, avalia Gino Paulucci, empresário do setor plástico, em contrapartida a campanhas que visam incentivar o uso de sacolas retornáveis em supermercados.
“Contudo, a sacolinha de supermercado é apenas um dos itens plásticos que prejudicam o meio ambiente. O plástico está no pacote do arroz, do feijão, protege o queijo, o presunto… Muitos poderão achar que, porque não usam a sacolinha, estão resolvendo um problema ambiental, mas não é bem assim. Diversos itens dentro de um supermercado usam demasiadamente o plástico”, frisa.
“Não estou querendo dizer que se deve usar sacola plástica eternamente, mas vamos todos juntos buscar uma alternativa mais viável que, por enquanto, não existe. E por não existir, não dá parar cortar a utilização de sacolinhas plásticas, que são práticas e beneficiam o consumidor. Além disso, a decisão entre Apas e governo estadual, que prevê dificultar o acesso aos saquinhos plásticos dentro dos supermercados, prejudica todo um setor gerador de empregos”, acrescenta o empresário.
O ideal, segundo o diretor da empresa do ramo plástico, seria optar pelos “três erres” – reduzir, reutilizar e reciclar. Ele indica que as redes de supermercados têm optado, em sua maioria, por comprar sacolinhas muito frágeis, que estouram facilmente e assim acabam virando um empecilho para a redução e reutilização das mesmas.
“Sacolas com espessura mais resistente são mais duráveis e ajudam os estabelecimentos a economizar. Entretanto, os supermercados estão comprando das fábricas de sacolinhas com espessuras muito fracas, que rasgam facilmente. Os supermercadistas desejam comprar essas sacolas para gastar menos, porém, o consumidor acaba tendo que utilizar mais sacolinhas do que o necessário”, critica.
“Por sua vez, as fábricas produzem esses sacos mais frágeis a pedido de quem compra, mas eles estão fora de normas técnicas”, revela Gino. “O adequado seria encomendar sacolas com as normas técnicas recomendadas, que são mais resistentes, com maior espessura e, por isso, podem ser melhor reutilizadas no âmbito doméstico”, ressalta.
Com o objetivo de disseminar a cultura do consumo responsável e criar parâmetros para a produção de sacolas plásticas condizentes com as normas vigentes, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Associação Paulista de Supermercados (Apas), Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis (Abief), Associação Brasileira da Industria Plástica (Abiplast), Instituto Nacional do Plástico (INP), juntamente com a Plastivida, promovem o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas que tem como base os 3Rs: redução, reutilização e reciclagem.
O primeiro passo foi estabelecer uma espessura mínima de 27 micra (ou 0,027 milímetros) para sacolas comumente distribuídas nos supermercados do País. Com a adoção desta espessura, o programa tem como meta reduzir em 30% o consumo destas embalagens no ponto-de-venda, uma vez que não será necessário utilizar duas ou mais sacolas para suportar o peso da compra. Estas sacolas mais resistentes são em conformidade com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 14.937.
O segundo ponto do programa – a reutilização – de fato já vem sendo bastante praticado pelo consumidor final. Uma pesquisa encomendada pelo programa ao Ibope detectou que 100% dos entrevistados das classes B, C e D reutilizam a sacola plástica de supermercado como saco de lixo.