08 de março de 2013
Expansão frente a dezembro é a maior desde março de 2010
A produção da indústria brasileira se recuperou e cresceu 2,5% em janeiro em relação a dezembro, a maior alta desde os 3,4% de março de 2010. Frente a igual mês de 2012, a expansão chegou a 5,7%, após um ano em que só outubro não registrou queda na comparação anual.
Os números, divulgados ontem pelo IBGE, ficaram acima das expectativas dos analistas, que esperavam alta entre 1,5% e 2% de dezembro para janeiro. Mas não foram suficientes para provocar revisão nas projeções para o desempenho da economia este ano. No acumulado dos últimos 12 meses, a atividade da indústria está negativa em 1,9%.
– O resultado veio mais forte do que a gente esperava: 1,5% em janeiro. Mas dados de fevereiro já indicam que haverá devolução de parte desta alta. O que se vê é uma recuperação da economia, compatível com um crescimento de 2,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano – disse Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados.
Análise semelhante fez Luciano Rostagno, estrategista-chefe Banco WestLB, que esperava expansão de 1,8%:
– O dado é positivo, mas temos de olhar com cautela, porque grande parte da alta foi devido a veículos automotores, e os dados de fevereiro já mostram reversão no setor. Vamos esperar março para ver se a indústria pode respaldar um crescimento mais robusto. Por enquanto, mantemos a previsão de 3%.
bens de capital sobem
Entre os dados gerais da indústria, o destaque foi setor de bens de capital – que representa os investimentos das empresas, porque inclui máquinas e equipamentos -, com expansão de 8,2% sobre dezembro e chegou a 17,2% frente a janeiro de 2012. E o desempenho ruim dos investimentos tem sido o principal responsável pelo modesto crescimento do PIB, que no ano passado foi de 0,9%.
– O resultado de bens de capital é muito positivo, mas, quando a gente abre os números, verifica que os bens de capital para o setor de transportes cresceram 61,2% sobre janeiro do ano passado. Então, é um número que precisa ser relativizado – explicou Silvio Sales, da Fundação Getulio Vargas.
O gerente da Pesquisa de Produção Industrial do IBGE, André Macedo, lembra que adaptação para tornar os motores menos poluentes fez com que as montadoras praticamente parassem a produção de caminhões no início de 2012, deixando a base de comparação muito baixa:
– Na margem, há sinais positivos, mas precisamos esperar os próximos meses para ver se há uma mudança séria na tendência dos investimento.
A recuperação também aparece no crescimento de 18 dos 27 setores pesquisados. Sales chama a atenção para alta em 63% dos produtos pesquisados, quando a média histórica é de 53%.
Fonte: O Globo