18 de fevereiro de 2013
As expectativas do mercado para a inflação em 2013 pararam de se deteriorar após seis semanas de altas consecutivas, de acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, que apura projeções junto a cerca de cem instituições.
A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano teve ligeiro recuo, de 5,71% para 5,70%. Há um mês, a mediana estava em 5,65%.
Para 2014, a projeção seguiu em 5,5%. A mediana para o IPCA em 12 meses subiu de 5,49% para 5,53%.
Com relação à taxa básica de juros Selic, as projeções para o fim de 2013 seguiram em 7,25%, nível atual, pela décima quarta semana consecutiva. Para o fim de 2014, a mediana se manteve em 8,25%.
A discussão sobre se o BC vai ou não elevar os juros para conter a inflação ganhou mais ingredientes na sexta-feira, com declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizendo que o câmbio não será usado como instrumento de controle da alta dos preços.
Antes de participar da reunião dos ministros de Finanças do G-20, em Moscou, Mantega disse não haver descontrole de preços no Brasil, mas que a inflação acima do centro da meta “acende um sinal de alerta”.
Disse ainda que, se a inflação não cair espontaneamente, o Banco Central “tomará suas providências”.
Tais declarações levaram alguns analistas a considerar que a Selic possa subir ainda neste primeiro semestre, ou ao menos até o fim do ano.
Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa o IPCA-15 de fevereiro, uma prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza o sistema de metas de inflação do BC.
Espera-se uma leitura menos salgada neste mês, reflexo do impacto da redução das tarifas de energia elétrica, embora o reajuste da gasolina, em vigor desde o final de janeiro, também possa pesar no índice.
No Focus, a mediana do IPCA para fevereiro foi de 0,41% para 0,42%. Em janeiro, o IPCA marcou 0,86%, a maior leitura para o mês desde 2003. Para março, a mediana subiu de 0,40% para 0,42%.
Entre os analistas Top 5, os que mais acertam as previsões, a mediana para fevereiro subiu de 0,40% para 0,49% e de março de 0,30% para 0,35%. Esses mesmos analistas mantiveram suas expectativas para o IPCA em 2013, em 5,70%, e em 2014 em 6,50% (mediana de médio prazo).
Economia mais fraca
Analistas do mercado continuam a reduzir suas expectativas para a expansão da economia brasileira neste e no próximo ano. O mesmo acontece com as projeções para a expansão da produção industrial.
De acordo com o boletim Focus, a mediana para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 – apurada entre projeções de cerca de cem instituições – caiu de 3,09% para 3,08%. Há um mês a expansão esperada era de 3,24%. A projeção para o aumento da produção industrial saiu de 3,10% para 3,0%.
Para 2014 o movimento foi o mesmo: PIB de 3,80% para 3,65% e produção industrial de 3,70% para 3,50%.
Dólar
A aposta do mercado para a taxa de câmbio ao fim de 2013 foi ligeiramente ajustada para baixo, de acordo com o boletim Focus.
A mediana para o câmbio ao fim de 2013 passou de R$ 2,03 para R$ 2,02 e, para 2014, se manteve em R$ 2,05.
Na quinta-feira da semana, passada, o dólar fechou em R$ 1,958, patamar mais baixo desde 11 de maio de 2012, quando tinha força a tese de que o câmbio seria usado como ferramenta para controle de preços.
Na sexta-feira, a moeda subiu 0,36%, a R$ 1,965, com um leilão de swap reverso feito pelo BC, que equivale a uma compra no mercado futuro. No mesmo dia, pela manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o juro, e não o câmbio seria instrumento para controlar a inflação.
Outras estimativas ajustadas no Focus foram a do saldo da balança comercial em 2013, de US$ 15,50 bilhões para US$ 15,20 bilhões, e de 2014, de US$ 16 bilhões, para US$ 15,60 bilhões.
A projeção de déficit em conta corrente em 2013 passou de US$ 64 bilhões para US$ 62,65 bilhões, e para 2014, passou de US$ 69,37 bilhões para US$ 68,73 bilhões. A projeção para o investimento estrangeiro direto (IED) seguiu em US$ 60 bilhões para ambos os anos.
A estimativa de dívida líquida do setor público em 2013 passou de 34,25% do PIB para 34,5% do PIB, em 2014 passou de 33% para 33,1% do PIB.
Fonte: Valor Econômico