23 de novembro de 2012
Setor que fornece itens para as mais diversas atividades da economia, a indústria nacional do plástico reduziu sua produção de janeiro a setembro na comparação com mesmo período de 2011, de acordo com dados da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico). O volume de fabricação menor (queda de 1,3%) reflete o ritmo lento do crescimento econômico neste ano e também a enxurrada de produtos importados no mercado nacional, avaliam representantes do segmento. Nos primeiros nove meses de 2012, enquanto as exportações de plástico encolheram 12%, as aquisições desses itens do Exterior cresceram 6%.
Para José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, os números indicam a perda de competitividade do setor frente aos itens de outros países. Empresários da região que atuam nessa área atestam que há dificuldade de concorrência com os importados, entre outros fatores, por causa dos custos altos de insumos. A resina plástica (matéria-prima para a produção das embalagens e peças com esse material) nacional, por exemplo, subiu de 15% a 20% neste ano. Para piorar a situação desses fabricantes, recentemente a alíquota de importação das resinas subiu de 14% para 20%.
A Resiplastic, que fabrica peças (tanques de combustível e outros componentes) para máquinas agrícolas, manteve suas vendas, mas viu as margens de lucro caírem. “Baixamos o preço para manter o nível dos pedidos, mas estamos sem margem”, afirma Jaime Salgueiro, diretor da Resiplastic, de Mauá. Ele observa ainda que ocorreu reajustes em outros insumos, como a energia elétrica, que também subiu na faixa dos 15%.
Fabricantes de embalagens relatam que a concorrência dos importados (especialmente asiáticos) também afeta os negócios das empresas clientes. Com isso, as encomendas caem. A Poliembalagens, também localizada em Mauá e fornecedora de indústrias alimentícias, metalúrgicas e do setor da construção civil, entre outros, acompanha o ritmo do mercado e registra ritmo menor de produção neste ano.
O diretor dessa companhia, Alessandro Guardalben, cita que para driblar as dificuldades a empresa tem diversificado o leque de produtos, investido em tecnologia para elevar a produtividade e cortado incentivos a cargos de gerência e diretoria, tudo para reduzir custos e manter o quadro de funcionários. Atualmente a Poliembalagens conta com 75 empregados.
EM ALTA – As resinas plásticas são commodities, ou seja, produtos básicos com cotação internacional, e seus preços no Brasil estão acompanhando a valorização desses itens lá fora, observa o diretor comercial da Unigel, empresa produtora de resina, Marcelo Bianchi.
Ele acrescenta que o efeito cambial (o dólar se apreciou frente ao real cerca de 15% nos últimos 12 meses) colaborou para o aumento dos valores. Isso porque esses insumos, cotados em dólar, ficaram mais caros em reais para os fabricantes nacionais de peças e embalagens.
Fonte: Diário do Grande ABC