19 de outubro de 2012
O Banco Central deixou mais claro que o ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) iniciado em agosto de 2011 chegou ao fim. Na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, divulgada ontem, a instituição diz que os cinco diretores que votaram pela queda da taxa, de 7,50% para 7,25% ao ano, enxergaram espaço para “um último ajuste nas condições monetárias”.
Além disso, os outros três diretores do Banco Central, que votaram pela manutenção dos juros, avaliaram que o cenário para a inflação não “recomendava um ajuste adicional” para baixo na taxa Selic. Entre os motivos para encerrar o ciclo de corte dos juros está a expectativa de um ritmo “mais intenso” para a economia brasileira neste semestre e no próximo ano.
Embora tenha acabado com a dúvida do mercado financeiro em relação aos juros neste ano, analistas avaliam que ainda é difícil prever quando e se o BC vai elevar a taxa básica em 2013. Levantamento feito por serviço especializado da Agência Estado com 35 economistas mostra avaliação unânime de que o BC não cortará mais os juros neste ano. Em relação ao próximo ano, 19 esperam alta da taxa e 14 acreditam em juros estáveis (dois não responderam).
“O BC terminou um suspense, de quando ia parar, e abriu outro, de quando vai voltar a subir”, afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Isso pode ocorrer, segundo ele, no fim de 2013, por pressões inflacionárias.
O Banco Central projeta inflação acima do centro da meta de 4,5% até, pelo menos, o terceiro trimestre de 2014, mas avalia que a fragilidade da economia mundial vai contribuir para segurar preços, com efeitos dentro e fora do País, visão que não é compartilhada por grande parte do mercado financeiro.
Para o economista-chefe do Banco Itaú, Ilan Goldfajn, o BC mostrou-se mais confiante em relação ao crescimento da economia brasileira e sinalizou o fim do ciclo de corte de juros. “Entendemos que a ata é consistente com o nosso cenário de que a Selic se manterá em 7,25% ao ano até meados de 2013”, previu.
Na avaliação do economista, uma nova queda de juros somente seria consistente caso houvesse uma decepção significativa com a recuperação da economia brasileira ou em relação a um forte choque externo negativo.
Gasolina. A ata traz ainda a expectativa de não haver reajuste da gasolina neste ano, apesar das pressões da Petrobrás. A presidente da estatal, Graça Foster, disse que o aumento “certamente virá”, mas não estipulou data. Também deve ajudar a segurar a inflação no próximo ano a redução no preço da energia elétrica já anunciada pelo governo, que entra em vigor a partir de janeiro.
Fonte: O Estado de São Paulo