31 de agosto de 2012
BC reduz taxa de juros para 8,5% ao ano, o nível mais baixo da história
O Banco Central cortou ontem o juro básico da economia em 0,5 ponto porcentual, para 8,5% ao ano, o menor patamar da história. Foi a sétima redução seguida da Selic. Com a decisão unânime do Copom, o gatilho da nova regra da poupança foi acionado. A partir de hoje, o rendimento das cadernetas será de 70% da Selic mais variação da Taxa Referencial. A mudança não afeta as poupanças antigas
Corte da taxa Selic de 0,5 ponto, decidido por unanimidade, dispara gatilho que muda o cálculo da remuneração da caderneta de poupança
O Banco Central reduziu ontem a taxa básica de juro a 8,5% ao ano, o nível mais baixo da história brasileira. Diante de uma economia interna que patina e um cenário externo cada vez pior, o Comitê de Política Monetária (Copom) não teve dificuldade em aprovar, por unanimidade, o sétimo corte consecutivo da Selic. Além de baratear empréstimos, a medida aciona o mecanismo que reduz o rendimento da poupança. Na lista de argumentos para cortar o juro em 0,5 ponto, os diretores do BC afirmaram que “permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação”. Além disso, “dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”. Em outras palavras, os preços no Brasil não preocupam e a influência da inflação global é positiva para o País. O ritmo do corte, porém, está mais cauteloso, se comparado com reduções anteriores.
Apesar da fraqueza da economia brasileira e da crise externa, o patamar inédito da taxa exige atenção adicional do BC. Por isso, a instituição decidiu por um corte com “parcimônia”. Em março e abril, sem essa cautela declarada, a redução havia sido de 0,75 ponto. Antes, o menor juro no Brasil foi de 8,75% entre julho de 2009 e abril de 2010. A mudança de velocidade é necessária, dizem os diretores, para avaliar o efeito do corte i niciado em agosto de 2011 – período em que a Selic caiu 4 pontos. Estoques elevados, lenta reação da indústria e início de demissões em algumas empresas são alguns dos fatos recentes que mostram que o Brasil deve demorar mais que o imaginado para voltar a crescer com força. Nesta semana, o mercado financeiro passou a apostar pela primeira vez que o País deve avançar menos de 3% no ano.
Ritmo lento. O cenário reforça a percepção da diretoria do BC de que a economia tem girado em ritmo abaixo do potencial. Ou seja, é possível crescer mais sem gerar pressão adicional sobre os preços. Em r ecente entrevista ao Estado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, chegou a afirmar que um crescimento anual de 4% para o Brasil seria “satisfatório”. No exterior, a situação é cada vez mais preocupante. Com o agravamento da crise europeia, há possibilidade crescente de que a Grécia deixe a zona do euro. Houve, ainda, divulgação de problemas em bancos da região. E há novos sinais de que a China deve crescer menos, o que tem ajudado a reduzir os preços das commodities. Ou seja, a economia global deve seguir em marcha lenta, o que aumenta a aversão ao risco e diminui a demanda por produtos brasileiros.
“O acúmulo das medidas monetárias e fiscais gera efeito na economia e é preciso avaliar o impacto disso. Por isso, o BC decidiu ser mais comedido”, disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
Causa de ansiedade e expectativa em parte do mercado, a decisão do BC de anunciar nominalmente o voto de cada um dos membros da direção acabou sem efeito por causa da unanimidade em favor do corte. Mesmo assim, a novidade estreou: o Copom explicitou o nome completo de todos os seis diretores e do presidente Tombini como os que optaram pelo 0,5 ponto.
Ponderação
O Brasil tem de mostrar sua mão forte no lado da política fiscal para que seja sustentável manter as taxas de juros do País em níveis mais baixos, disse a diretora
sênior de ratings soberanos para América Latina da Fitch, Shelly Shetty.
Fonte: O Estado de São Paulo