03 de agosto de 2012
Operários da General Motors (GM) endureceram ontem a campanha contra a possibilidade de demissões em massa na fábrica da empresa em São José dos Campos (SP), no Vale do Paraíba.
Por pouco mais de uma hora, eles interromperam durante a manhã o trânsito na rodovia Presidente Dutra, que liga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Posteriormente, os metalúrgicos decidiram, em assembleia, cruzar os braços e a GM concordou em conceder licença remunerada a todos os trabalhadores. Assim como já havia ocorrido na terça-feira da semana passada, o complexo industrial da GM em São José – formado por oito fábricas – não funcionou ontem.
A montadora afirmou, como na semana passada, que a decisão foi tomada para preservar a integridade física dos metalúrgicos. Já o sindicato disse que o objetivo da manifestação foi chamar a atenção da presidente Dilma Rousseff, com quem pede uma audiência.
Os sindicalistas querem uma intervenção do governo federal para evitar cortes de até dois mil metalúrgicos na unidade. Sem estar nos planos de investimentos da montadora, a fábrica passa por um processo de esvaziamento e, recentemente, deixou de produzir três modelos: Corsa, Zafira e Meriva. Segundo o sindicato, a GM começou a reduzir drasticamente a produção do Classic, único modelo que continua sendo fabricado no setor conhecido como MVA (Montagem de Veículos Automotores).
A produção do Classic vai cair de 375 para 80 veículos por dia a partir de hoje, segundo informações da entidade, não comentadas pela montadora. Os sindicalistas dizem que o plano da montadora é acabar definitivamente com a produção do sedã, passando a importar o modelo da Argentina.
Em nota, o sindicato informou que a GM também já esvaziou completamente o segundo turno de outras duas linhas – injetora e funilaria – no complexo. “O esvaziamento das linhas confirma as denúncias do sindicato, de que a empresa vai desativar por completo o setor MVA e demitir até 2 mil trabalhadores a qualquer momento”, diz o texto.
Representantes da GM e do sindicato voltam a se reunir no próximo sábado. Ontem, os sindicalistas conversaram com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se comprometeu em discutir a situação com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Mantega está sendo alvo de pesadas críticas dos sindicalistas depois de declarar que a GM está criando vagas no Brasil. Em carta encaminhada à presidente Dilma, o sindicato afirmou que as declarações do ministro foram “desastradas e desastrosas”.
“Desastradas, porque as declarações se baseiam em informações falsas. Não é verdade que a GM contratou mais do que demitiu”, afirma a carta, acrescentando que a montadora eliminou mais de mil postos de trabalho.
Segundo os sindicalistas, as declarações de Mantega foram entendidas pela GM como uma “autorização para demitir” e a montadora já começou a desativar a linha de montagem de carros.
Fonte: Valor Econômico