11 de junho de 2012
Os bancos espanhóis reduziram sua exposição no Brasil em US$ 24 bilhões em seis meses. Os dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS) indicam que um terço de toda linha externa de crédito e de empréstimos que o País dispõe vem de bancos espanhóis.
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, deve aproveitar a viagem que fará ao Brasil – para a Cúpula do Clima, no Rio de Janeiro – para conversar sobre a crise com a presidente Dilma Rousseff. Ele deve pedir o apoio do governo brasileiro diante da crise que vem enfrentando, com o argumento de que um aprofundamento da crise na Espanha não interessa ao Brasil.
Segundo o BIS, os bancos espanhóis mantinham um estoque de créditos e de exposição no Brasil no valor de US$ 210 bilhões em julho de 2011. Ao final do ano, o valor era de US$ 186 bilhões. Em meados do semestre, o ponto mais baixo chegou a US$ 179 bilhões.
Hoje, mais de um terço de todas as atividades externas de bancos espanhóis pelo mundo está no Brasil. Somada, a América Latina representa quase metade de toda a exposição de instituições financeiras espanholas pelo mundo.
Não foi por acaso que, já no final da semana passada, uma indicação de que haveria um resgate para os bancos espanhóis animou as bolsas em São Paulo e no resto da América Latina.
A explicação para a redução na exposição ao mercado brasileiro é a crise que muitos deles vivem e a necessidade de focar recursos em garantir sua saúde financeira.
O volume de créditos dado pelos bancos espanhóis ao mercado brasileiro representa metade de toda a exposição de instituições financeiras europeias no Brasil.
Em julho, os bancos europeus mantinham um estoque de créditos e de participação no sistema financeiro brasileiro no valor de US$ 416 bilhões. O valor desabou para US$ 346 bilhões ao final do ano. Em apenas seis meses, a redução ao mercado brasileiro foi de U$ 70 bilhões, compensado por bancos de outras regiões e por recursos domésticos.
Apoio. O mercado brasileiro, porém, não é de interesse apenas dos bancos espanhóis. Rajoy espera convencer a presidente Dilma de pelo menos dois pontos. O primeiro é da importância de que o Brasil mantenha seu mercado aberto para as exportações espanholas.
Fontes do governo de Madri confirmaram ao Estado que um pilar central da estratégia de recuperação da economia espanhola será a concentração de esforços na ampliação de exportações. Isso porque, com 24% de desemprego, a retomada do consumo doméstico espanhol levará anos para ocorrer.
No primeiro quadrimestre de 2012, as vendas espanholas para o Brasil aumentaram em 7,7%. Mas os europeus não escondem que temem medidas protecionistas no governo brasileiro.
Fonte: O Estado de S. Paulo