11 de maio de 2012
Levantamento do IBGE mostra que, entre março de 2011 e de 2012, a produção industrial teve queda em metade das 14 regiões pesquisadas. A retração afetou os maiores parques fabris, como São Paulo e Minas Gerais
As medidas pontuais de estímulo à produção anunciadas pela presidente Dilma Rousseff no mês passado, como a desoneração da folha de pagamento em setores mais prejudicados pela competição dos importados, ainda estão longe de afastar a crise da indústria brasileira. Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou queda na produção industrial, entre fevereiro e março, em cinco das 14 áreas analisadas. Na comparação com março do ano passado, metade das regiões apresentou recuo.
As maiores quedas ocorreram justamente em localidades de destaque no parque fabril. A produção em março, ante o mesmo mês de 2011, caiu 6,2% em São Paulo, 6% em Santa Catarina, 2,4% no Rio de Janeiro, 2,4% no Espírito Santo, 1,4% na Região Nordeste (exceto Bahia, Pernambuco e Ceará), 0,7% em Minas Gerais e 0,7% na Bahia.
Por outro lado, a atividade avançou, na comparação anual, em locais como Goiás (24,7%) e Paraná (15%). Pará (5,5%), Rio Grande do Sul (1,5%), Ceará (1,3%), Amazonas (0,3%) e Pernambuco (0,1%) também apresentaram resultados positivos. Na média nacional, o recuo foi de 2,1%.
“O problema é que as localidades em que os índices caíram têm grande peso. São Paulo representa 40% da produção da indústria nacional. Minas Gerais, mais de 10%. E a Região Nordeste também é muito importante”, afirmou Fernando Abritta, pesquisador responsável pela levantamento. “Alguns estados estão indo bem. Mas, no geral, a indústria está sofrendo”, observou.
Não à toa, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou ontem que o maior desafio do Brasil é atualizar a indústria, com inovações tecnológicas, e trazê-la para o século 21. “Temos uma indústria sólida, poderosa e muito enraizada, cujo desempenho no século passado foi fundamental para colocar o Brasil na posição que tem hoje. Mas essa indústria precisa fazer um grande esforço para se tornar contemporânea e isso não será tarefa fácil”, disse, em seminário no Rio de Janeiro.
Importados
Para Abritta, entre os fatores que ajudam a explicar os resultados negativos estão a concorrência dos produtos importados, principalmente chineses, problema que já era sentido pelas empresas nacionais, mas se agravou com a crise financeira que assola a Europa e os Estados Unidos. “Isso faz com que haja excesso de oferta nas fábricas estrangeiras e elas exportam para o Brasil”, explicou.
Entre fevereiro e março, as quedas acima da média nacional (de -0,5%) foram verificadas na Bahia (-1,3%), em Minas Gerais (-0,7%) e em Santa Catarina (-0,7%). Os outros recuos foram registrados em São Paulo (-0,3) e na Região Nordeste (-0,5%). Por outro lado, os melhores resultados são de Paraná (alta 9,8%), Goiás (6,7%), Amazonas (6,5%), Rio Grande do Sul (2,6%), Rio de Janeiro (2,5%), Ceará (1,9%), Pará (0,9%), Pernambuco (0,4%) e Espírito Santo (0,3%).
Os piores índices na comparação com fevereiro foram registrados nos setores de equipamentos médico-hospitalares; edição e impressão; equipamentos de comunicação; fumo; e refino de petróleo e produção de álcool. Os melhores desempenhos foram nos ramos de veículos automotores; máquinas para escritório e equipamentos de informática; mobiliário; e vestuário e acessórios.
“Temos uma indústria sólida. Mas essa indústria precisa fazer um grande esforço para se tornar contemporânea e isso não será tarefa fácil”
Fernando Pimentel, inistro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Fonte: Correio Braziliense