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Sistema de reciclagem precisa ser revisto para gerar eficiência

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O jornal Valor Econômico de hoje (21/09) publicou três reportagens relacionadas à Política Nacional de Resíduos Sólidos, com destaque para os seguintes temas:

SISTEMA DE RECICLAGEM PRECISA SER REVISTO

Estudo realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) em parceria com a Braskem revela que em 2019 foram consumidas 1,3 milhão de toneladas de resíduos plásticos na reciclagem, 52,5% originário do pós-consumo. É muito pouco para um país que produz 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. Desse total, apenas 4% é reciclado, quando o potencial é de 30%.

“Os índices de reciclagem no Brasil são pequenos porque todo o sistema é desenhado para dar solução ao rejeito, no lugar de ter como premissa a sua não formação”, afirma Rodrigo Sabatini, presidente do Instituto Lixo Zero Brasil.

“Hoje o gerenciamento do lixo é a terceira maior despesa das prefeituras, talvez a falta de material num futuro próximo leve à mudança do sistema”.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos completou 10 anos em agosto de 2020, mas nem de longe atingiu seus objetivos. Cerca de 29,5 milhões de resíduos continuam indo parar anualmente nos lixões.

INCENTIVO TRIBUTÁRIO PARA INDÚSTRIA

A coleta seletiva, embora presente em 73% das cidades brasileiras, ainda é incipiente. Cerca de 1 milhão de brasileiros vivem da coleta de resíduos, porém, sem nenhum controle, tecnologia não existe.

“O grande desafio é ampliar a viabilidade econômica para facilitar a logística reversa para outros materiais além do alumínio”, afirma Gustavo Fanaya,gerente executivo do Instituto Paranaense de Reciclagem.

“No Brasil temos estágios diferentes para cada tipo de material. O índice de reciclagem das embalagens de alumínio é de 95%, do papel um pouco mais de 50%, enquanto do plástico e do vidro são muito baixos”, diz.

Fanaya destaca, ainda, que a indústria precisa ser estimulada a adotar a reciclagem, precisa de incentivo tributário para fazer girar mais a cadeia. “A matéria-prima virgem gera crédito e, na hora de fazer a conta, o reciclado perde competitividade”, declara.

“Se todos os elos da cadeia compreendida entre o descarte e o recebimento não tiverem interesse, a economia circular não se viabiliza.”

De acordo com o executivo, o ideal é que fossem adotadas frações mínimas de uso de material reciclado na produção, que os fabricantes de embalagens participassem do processo com a incorporação de maiores quantidades de matéria-prima reciclada.

RECICLAGEM DE EMBALAGENS CRESCE  

Um dos setores mais avançados na reciclagem de embalagens é o de defensivos agrícolas. Dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) revelam que cerca de 600 mil unidades foram retiradas do meio ambiente nas últimas duas décadas e 94% foram recicladas.

“Os números refletem o resultado de um trabalho de responsabilidade compartilhada, entre o consumidor final, que é o agricultor, o varejista e o fabricante que organiza a logística de transporte e dá o destino correto às embalagens”, afirma João Cesar Rando, diretor presidente do inpEV.

“Hoje, o fabricante quando pensa em embalagem não pode levar em conta apenas o preço, tem de avaliar se ambientalmente é eficiente, além de todos os custos da logística reversa.”

TECNOLOGIA LIMPA 

A Votorantim Cimentos reduziu 25% da emissão de CO2 de 1990 a 2020 e, para 2030, firmou compromissos com base em coprocessamento, substituição de combustível fóssil nos alto-fornos, redução de clínquer com aplicação de materiais como escória de alto forno, cinzas volantes e argila calcinada, além do ganho de eficiência energética pela utilização de 45% de fontes renováveis.

 

Uma das metas é gerar 30% de receita global com soluções sustentáveis, contra 19% atuais. As inovações incluem um saco hidrodispersível de cimento e embalagem de argamassa reciclável e livre de plástico, ambas com apoio da Klabin. A Votorantim investiu R$ 1 bilhão entre 2022 e 2026.

CIRCULARIDADE GANHA PRÊMIO

A garrafa – premiada pela Associação Brasileira de Embalagens na categoria sustentabilidade -, é feita de plástico RPET reciclado e reciclável, proveniente dos próprios galões descartados pela empresa.

“A circularidade é um dos principais motores da inovação e será, em poucos anos, uma estratégia para compensar a falta de recursos da indústria”, afirma Titha Kraemer, sócia da Bendito Design.

As discussões sobre a necessidade de as indústrias reverem suas embalagens se intensificaram nos últimos anos, impulsionadas pelo avanço da agenda ESG das companhias, pressão dos investidores atentos às ações sustentáveis das empresas investidas e, principalmente, pela demanda do consumidor.

De acordo com o relatório Nova Economia do Plástico, da Fundação Ellen McArthur, se não houver um trabalho focado no design e no pós-uso, 30% das embalagens plásticas fabricadas jamais serão reutilizadas e recicladas.

Foi com o objetivo de virar esse jogo que a Terphane, líder na fabricação de filmes de poliéster na América Latina, lançou a linha Ecophane, com dez tipos de filmes para as mais diversas aplicações, inclusive a fabricação de embalagens flexíveis de alimentos. Desenvolvidos com pelo menos 30% de PET reciclado pós-consumo, os fios são biodegradáveis,transformando-se em fertilizantes naturais em quatro anos.

“Há uma demanda global por matérias-primas que garantam a produção de embalagens recicláveis e com conteúdo reciclado”, diz o presidente José Bosco Silveira.

“Não se trata de uma jornada simples, a preocupação econômica é importante.” De janeiro a agosto, a Terphane usou mais de 800 toneladas de resíduos PET PCT (reciclados pós-consumo) na produção dos fios, equivalentes à reciclagem de 11 milhões de garrafas PET de um litro.

Para Marcos Nakagawa, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Ambiental, não há uma solução única para o desafio das embalagens. “Para que a economia circular aconteça, as empresas precisam investir juntas no desenvolvimento de novos materiais, no ganho de escala, na garantia de que as embalagens serão recicladas”, diz.

 

FONTE:  VALOR ECONÔMICO

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/09/21/sistema-de-reciclagem-precisa-ser-revisto.ghtml

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/09/21/tecnologia-limpa-processos-nas-grandes-poluidoras.ghtml

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/09/21/cresce-a-demanda-por-embalagens-feitas-com-materias-primas-recicladas.ghtml

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